15 de novembro de 2008

A homenagem que tardava

A 7ª arte tem uma galeria de heróis e personagens que ficam para a história e passam a símbolos partilhados por todos nós. Que dizer de um ET, um Darth Vader, um Táxi Driver… Pois. Mas é minha opinião que uma das figuras mais frequentes do cinema não tem obtido o reconhecimento merecido. O Zombie.

Sim, esse feioso, pustulento e estúpido personagem dos filmes de terror não tem sido devidamente homenageado. Mal, quanto a mim.

Na galeria dos personagens de terror, o Drácula e restante comitiva de vampiros ganham em estilo e coolness, sem dúvida. Lobisomens e semelhantes têm sido pouco explorados – provavelmente porque ninguém está para sofrer meses a fio metido numa caracterização cheia de pelos – deve fazer um calor desgraçado. Mais recentemente, as grandes personagens de terror tornaram-se mais próximas dos humanos, e encontramos psicopatas assassinos que gostam de fazer joguinhos com as suas vítimas, como o ‘Saw’.

Mas enquanto grande categoria, de facto, os zombies continuam a dar cartas. Passemos à sua caracterização.

Como reconhecer um zombie?
É fácil. Normalmente está já avançado no processo de decomposição (enquanto não inventarem o cinema hiper-realista, somos poupados a ter que levar com o cheiro…). Não tem sentido de moda e veste-se muito mal. Normalmente grunhe e não tem capacidade para articular palavras.

Qual é o objectivo do zombie?
Comer… Sim, os zombies alimentam-se das suas presas. Quanto à vítima, das duas uma: ou morre ou, se se conseguir safar naquele instante, está infectada e em breve se transformará em zombie também. Portanto, se podemos começar o filme com um zombie, é muito provável que, no final, tenhamos a população inteira da cidade em excursões gastronómicas.

Qual é a técnica de ataque do zombie?
Basicamente, limita-se a esperar e perseguir as suas presas. A destreza física é muito limitada, a sua coordenação motora é, muitas vezes, praticamente inexistente. Pode correr em algumas situações, mas normalmente encurrala as vítimas e ataca-as quando se encontram ao seu alcance. Não tem capacidade para manejar objectos e, acima de tudo, é estúpido, pelo que não planeia qualquer estratégia.

Qual a maior vantagem do zombie?
Ser teimoso e difícil de matar. Persistente, ultrapassa todo o tipo de obstáculos (físicos) para chegar ao seu jantar e sucede muitas vezes que o herói do filme pode ser atacado por partes de zombie – note-se que uma mão decepada ou umas tripas à solta têm ainda um grande potencial letal.

Como se mata um zombie?
Com muita porrada. Ou armas de grande calibre. O ideal é separar a cabeça do corpo e fazê-los em fanicos. Há que estar preparado para levar com os tradicionais jactos de sangue sempre que se separa qualquer membro do dito ser e, acima de tudo, nunca ser apanhado pelas suas unhas ou dentes. A principal característica do herói sobrevivente dos filmes de zombies é a resistência física e mental. Física porque os zombies multiplicam-se e demoram a morrer; mental porque, provavelmente, o herói verá, no decurso do filme, todos os seus amigos e familiares serem contaminados.

Para terminar esta homenagem devida, deixo a indicação de alguns aparecimentos de zombies, dignos de nota.
Desde logo, um dos primeiros grandes telediscos do Micheal Jackson, o Thriller, contém precisamente uma cambada de zombies dançantes que ficaram para a história. Quem nunca viu o Brain Dead não experimentou os limites do humor negro e do gore. No filme, The Convent, os zombies são freiras e o sangue e tripas são realçadas pela luz negra que também ajuda a tornar o ambiente algo semelhante a festas trance. O John Carpenter, finalmente percebeu que o maior problema dos zombies é serem realmente estúpidos, tendo criado, por isso mesmo, um zombie inteligente que aprende (finalmente) a manejar objectos – tenham muito medo! No mais recente filme REC, de nuestros hermanos, os heróis encontram-se selados num prédio, do qual não podem sair e, espante-se, todos os seus moradores se vão transformado, a pouco e pouco, em assustadores e famintos zombies.

Sei que a lista fica incompleta, mas a minha homenagem a essa grande figura dos filmes de terror, que é o zombie, está feita.

E já agora, sem querer ferir susceptibilidades, aqui fica, para recordar ou para suscitar a curiosidade, uma das passagens do filme Brain Dead, realizado pelo Peter Jackson que, antes de filmar lindos elfos, se metia nestas coisas.

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20 de outubro de 2008

O fascinante mundo da bola

Já foram muitos aqueles que afirmaram que o meio futebolístico é um mundo repleto de magia. É óbvio que este é um tema que nos interessa e que é intensamente debatido nas reuniões “para ver a bola” que fazemos na nossa casa da Lapa. É uma espécie de quadratura do círculo (a Nut incluída) dedicada aos relvados. O problema que, geralmente, estas reuniões têm é que acabamos por divagar para além das questões técnicas do jogo. É óbvio que durante os primeiros minutos e as primeiras cervejas discutimos acaloradamente a qualidade dos passes, aplaudimos as trivelas, insultamos o árbitro, damos umas palmaditas no sofá… Enfim, tudo como manda a praxe. Mas a determinada altura, a coisa descamba e dou por mim a comentar os cortes de cabelo, o tamanho das suíças, o bronzeado do Quaresma ;), o aprimorado glamour que a Fátima Lopes conferiu ao equipamento dos jogadores (depois disto, nada foi igual no mundo da bola). Como é óbvio, esta falta de objectividade inquietou-me (nos). Delineamos então toda uma estratégia com o objectivo de tentar perceber se era um problema só nosso ou se estava difundido pelo resto da população. Partimos então para um trabalho de campo; metodologia adoptada: observação participante. Para aqueles que não são da área das ciências humanas a observação participante é uma técnica de investigação, utilizada em estudos empíricos, que consiste no facto de o investigador se integrar nos contextos que pretende estudar, interagindo (directamente) com os actores desse mesmo meio. Fomos então ver a bola com um grupo de rapazes. A investigadora “infiltrada” era a única rapariga num grupo de cinco experts masculinos.
Bom, a princípio tudo parecia correr sobre rodas, cervejolas a bombar, comentários técnicos, bocas para os adversários…. Até que a determinada altura, sem que nada o fizesse esperar eles começam a discutir o look de um dos jogadores… “parece o Ken da Barbie”… Sabem, aquele boneco da Mattel?! LOL. Respirei de alívio! Podemos continuar a ver a bola de consciência tranquila.

3 de outubro de 2008

Just for you baby (também tenho direito a lamechices de vez em quando)



I know a place where I can go when I'm alone
Into your arms whoa into your arms I can go
I know a place that's safe and warm from the crowd
Into your arms whoa into your arms I can go

And if I should fall I know I won't be alone
Be alone anymore

I know a place where I can go when I'm alone
Into your arms whoa into your arms I can go
I know a place that's safe and warm from the crowd
Into your arms whoa into your arms I can go

So if I should fall I know I won't be alone
Be alone anymore

I know a place where I can go when I'm alone
Into your arms whoa into your arms I can go
I can go...

27 de agosto de 2008

Veraníssimo

A minha incursão pelo Verão está a terminar.

Já se publicitam os últimos festivais de música, os biquinis estão mais baratos que um maço de tabaco e o saldo da minha conta anuncia o fim do investimento na indústria das bebidas espirituosas.

No meio de tanta festa, concerto e noitada, consegui escapar a 4 operações stop (duas na mesma noite), depois de dar por mim com sentimentos suicidários - consequência de várias horas a desrespeitar a distância de segurança que se deve manter dos concertos de reggae.

Montei e desmontei tendas, gastei as havaianas no caminho para a praia, perdi o carro no parque de estacionamento de um certo festival no alentejo, matei o meu telemóvel com areia e água do mar.

Ouvi alguém procunciar 'Quando eu fizer o meu próprio Sudoeste..." e fiquei com muito medo. Fui empurrada, atirada e pisada pela massa humana indefinida e fiz mosh a 10 centímetros de um sujeito de 140kg. Dei cabo dos tímpanos e dos pés na pista de dança.

Dancei em cima da coluna na discoteca da moda, no meio das amigas. Fui a jantares de aniversário e festas temáticas - felizmente, porventura sinal da crise económica, ninguém se casou (o que também significa que não houve despedidas de solteira). Gastei o equivalente ao orçamento anual de um pequeno país africano em bebidas brancas.

Constipei-me várias vezes e concluí, de uma vez por todas, que apesar de toda a conversa sobre o aquecimento global, Portugal ainda não é um país tropical.

29 de julho de 2008

Quem é o gostosão daqui?! Hino de Verão!!!

Inevitavelmente verão

Gosto do Verão. Gosto com todas as letras, de paixão. Se eu fosse uma estação era esta que escolhia. Agrada-me tudo:
-o ar perdido dos turistas a estudar os mapas nos meandros da cidade
- as roupas coloridas e mal combinadas
- as frutas.... a melância, os pêssegos e as meloas
- chegar a casa estourada e ir directa para a banheira
- passar toda a semana a pensar: "no sábado, tenho que ir para a praia"
- o linguajar dos imigrantes franceses
- a confusão das familias na praia
- ouvir as gaivotas a rasgar o céu e pensar no privilégio que é poder voar
- os dias de calor sufocante em que o simples acto de respirar é cansativo
- o torpor lento dos finais de tarde
O Verão é magia pura, é samba dançado ao som do batuque e da luz. É tempo de celebração.


23 de julho de 2008

Admito: sou loira

Hoje vou utilizar esta coisa maravilhosa que é a tecnologia do séc. XXI e a world wide web para partilhar com o mundo (!) algumas das coisas que eu pura e simplesmente não consigo compreender e que me tiram o sono. Agradeço todas as tentativas de resposta às minhas dúvidas insurmontáveis mas estou como a princesa da outra história: duvido que haja alguém que me consiga surpreender…

Passo então a listar (longamente) e advirto que as minhas dúvidas balançam entre o campo político, o da moda e o mais que vier à rede.

1) O esgar do Marcelo Rebelo de Sousa.
Alguém me consegue explicar o que é aquilo? Não é um sorriso com certeza porque o dito Professor pontua os mais dramáticos comentários com aquele repuxar de face que me arrepia de medo… Estou em crer que o senhor é parente do Joker, o arqui-inimigo do Batman – é que aquilo não pode ter outra explicação.

2) O cabelo do Paulo Portas…
Mas esse eu já deixei de tentar compreender. Recorri a todos os meus contactos com conhecimentos capilares e garanto-vos que ninguém me sabe dizer se aquilo é capachinho, implante, permanente ou um mamífero em agonia (neste último caso, talvez seja melhor alertar a Protectora dos Animais). De qualquer das formas, seria melhor o Sr. Deputado Paulo Portas partilhar o segredo com o seu colega Diogo Feyo porque, para aqueles lados, começa a parecer a barragem do Alqueva em pleno Alentejo.

3) Os biquinis de peças diferentes.
Tenho calafrios de cada vez que vejo uma parte de cima aos quadradinhos vermelhos com uma parte de baixo às bolinhas douradas. Eu sou instruída, vejo revistas e desfiles de moda, percebo os corsários, percebo a razão de ser dos compensados de plástico, até dou de barato as bandeletes às bolinhas brancas e as paranóias das adolescentes por acessórios com a Puka ou a Kitty… mas biquinis que não combinam, tenham dó! Tão pouco tecido e tanta falta de gosto.

4) O pré-estágio da pré-época do campeonato português de futebol.
O Benfica (ou para o mesmo efeito, qualquer um dos restantes ‘grandes’ clubes portugueses) vai jogar com os Matacães de V.N. da Rabona, perde e ainda assim tem direito a primeiras páginas nos jornais desportivos e 15 minutos no jornal da noite!? Mas o mundo do futebol é inextrincável e vai merecer, nos próximos tempos, vários posts sobre os seus paradoxos, paradigmas e dialécticas.

5) As tias que vão para a praia carregadinhas de oiro.
Sou capaz de lhes apontar uma série de razões para não o fazerem: podem ver-se involuntariamente levadas nalgum arrastão protagonizado por jovens delinquentes acalorados, correm o risco de se afogar caso entrem no mar (sim, porque sendo verdadeiro o oiro é pesadito), ficam com as marcas do bronzeado delineadas pelos cordões, pendentes, pulseiras e anéis, enfim… A única explicação que encontro e me parece minimamente plausível é uma vontade inconsciente de serem confundidas com uma arca do tesouro e terem a sorte de ver aparecer o Jonny Depp.

6) Porque é que os Delfins, se acabaram de vez, insistem em fazer mais uma tournée?
Não é necessário, garanto-vos! Merecem descanso, gozar a reforma, fazer férias (permanentes) nos Barbados, venderem à MTV os direitos de difusão das imagens dos seus apartamentos de estrela do pop (queriam eles, hihihi!!), qualquer coisa. Se decidissem parar efectivamente por agora, as pessoas ainda podiam ficar com uma réstia de nostalgia, como aconteceu quando morreu o Jim Morrison ou o Ottis Reding ou outros que nos deixaram inesperadamente. Assim, só vamos mesmo é contar os dias que faltam para os Delfins meterem a viola ao saco.

Estas são apenas algumas das questões ontológicas com que me debato actualmente. Acho, no entanto, que vou passar a ter esta rúbrica 'Admito: sou loira' actualizada semanalmente porque desde que os Monty Python deixaram de produzir, o Universo parece muito mais difícil de compreender...


14 de julho de 2008

Verão

O verão angustia-me.

É a mais pura verdade…

Não é pelo facto de apanhar trânsito para ir para a praia, nem por ter que levar com areia na cara quando um grupo de matulões decide jogar à bola perto da minha toalha. Também não são as criancinhas aos berros de “ó mãe dá-me 1 gelado!!!”, nem o frango assado da sempre presente e numerosa família típica do fim-de-semana.

Não fico angustiada, tão pouco, com a estupidez que grassa na televisão durante o Verão (há, certamente, muitos artistas musicais que só aparecem na caixa mágica durante os meses de Julho e Agosto), nem com a Volta a Portugal e o saudosismo dos mais velhos da altura em o país parava para a ver passar.

A minha angústia não provém do facto de ter que passar por adolescentes em biquini, muito mais vitaminadas e morenas do que eu, atirando-me à cara a força inelutável da lei da gravidade (que o outro só descobriu quando lhe caiu a maçã em cima mas que todas as mulheres já intuíam há muito).

Este desânimo também não se deve à perversidade das indústrias produtoras de gelado que, todos os anos no Verão, encontram novas formas de pôr um fim à dieta mais bem intencionada.

Não fico assim devido à ameaça cancerígena do sol fora dos horários recomendados, nem por ter que gastar mais tempo na eliminação de todos aqueles pelos e pelinhos que dão muito mais nas vistas sob a luz natural do sol de Agosto.

Não me sinto assim apenas porque as modas musicais do verão são decadentes e pirosas e porque, ainda assim, todos os que se encontram na pista de dança da discoteca mais badalada insistem em olhar para o tecto, apontando, enquanto berram “I wanna fly so high…”.

Também não se deve ao facto de algumas cidades ficarem, nestes meses de verão, desertas de pessoas e repletas de turistas – seres estranhos que comunicam numa língua diferente enquanto, nos seus trajes espalhafatosos e sempre desenquadrados, brandem furiosamente máquinas fotográficas ou de filmar, telemóveis e mapas, garrafas de água e leques.

Penso que a principal razão da minha angústia se deve ao facto de, precisamente, no verão não se poder estar triste. No verão todos querem ser felizes.

Longe do trabalho, longe de casa, sem horários, com calor e sol a rodos, com a possibilidade de beber álcool a qualquer hora do dia, sair todas as noites, dormir até tarde, possibilidade de fazer novas conquistas amorosas, não se tem autorização para estar triste. As virtualidades do enorme sorriso estampado na cara de todos provêm ‘deste solzinho’, vive-se o dia a dia e, principalmente, procuram-se esquecer todos os problemas que nos atormentam. O verão é uma panaceia para muitos males. Coloca-se a vida em suspenso e ‘aproveita-se o verão’.

Toda esta pressão para ser feliz põe-me assim… angustiada…

18 de junho de 2008

Tango - a paixão dançada


Estamos no Verão e para nós, sempre ocupadas com questões de ciência, beleza, moda e coisas que tal, também nos assalta a preocupação de ter de vestir o biquini... Seria um cliché fazer uma inscrição no ginásio nesta altura do campionato. Passaríamos, seguramente, pelas desesperadas pela forma perdida ou em vias disso. Mas nada de sobressaltos, há alternativas.

Depois de uma manhã muitissimo inspirada, em que dou por mim a dançar no hall de entrada de minha casa, tenho andado a magicar nisto. A inscrição num curso de dança pareceu-me uma boa ideia. Mas não imaginem aquelas dancitas básicas, passo a passo, vira para a esquerda e esbarra na rapariga que está ao lado! Nada disso, pensem em grande. Como diria alguém, pensem com moral!

Para vocês perceberem bem daquilo que estou a falar deixo-vos dos vídeos que julgo que serão bastante instrutivos. Um deles é, mais soft... doce e tal a meia luz... básico! O outro, que prefiro de longe, é o prazer da dança puro. Ali diz-se tudo sem uma palavra, são dois corpos que se enlaçam e desenlaçam com a determinação das ondas do mar. Lindo! Dêem uma espreitadela.






11 de junho de 2008

(in)consistências

Tema: pornografia
Cenário: o universo masculino heterossexual
Problemática: onde ficam os limites?

Todos os homens gostam de pornografia. É a mais pura verdade.
É adulto e hetero? Então gosta de ver filmes com enredos foleiros, cenários decadentes, mamas grandes e cenas filmadas através de câmaras que utilizam as lentes dos mais poderosos telescópios.

Os filmes pornos têm diálogos (juro que pensei muito, antes de designar como tal!) que não ultrapassam as duas frases por fala de personagem. Desenrolam-se em lugares alugados ao preço da chuva com cenários terríficamente sem gosto.

Nos filmes pornos vêem-se peitos, pernas, costas desnudadas mas também genitais (masculinos e femininos) filmados ao pormenor. Existem fluídos que jorram e correm a cada 5 minutos. A banda sonora normalmente usa um saxofone e os efeitos sonoros são compostos por aaaahhhs, uis, sins e o demais que me coíbo de aqui colocar (o clássico 'ai cariño' é quase angelical quando comparado com o restante).

Os filmes pornos têm beijos com e sem língua, sapatadas, apalpões, agarranços, lambidelas, esfregadelas, etc., etc.

Os filmes pornos têm taras: miudas específicas, locais concretos, performances características, adereços seleccionados, temas para cada tipo de aficcionado.

A pornografia (em filme, fotos, ao vivo, o que for) tem tudo isto e muito mais. E qualquer homem saudável, hetero e desinibido dirá frontalmente que vê ou já viu, eventualmente admitindo que realmente gosta.

Mas coloquem o mesmo sujeito saudável, hetero e desinibido perante um mero e simples beijo entre dois homens e... espanto... esse mesmo sujeito adquire a expressão facial da mais cândida e virgem vestal e logo juntará um 'ai meu deus, como é que é possível...'

Pois é: os limites da sensibilidade masculina straight afinal parecem existir.

26 de maio de 2008

Caríssimas, no contexto da minha cruzada de fé fui passar uns dias ao Tibete (giríssimo, por sinal)... Resolvi levar a coisa a fundo e passei uns dias enfiada num mosteiro (tive que accionar alguns contactos porque não era permitida a presença de mulheres...) em estado de meditação profundo, consegui atingir o samadhi. A resposta à minha questão existencial é a "aceitação", percebermos que "eles não sabem mais"... Ou seja, por mais que tentemos, há coisas que nunca os vamos conseguir fazer perceber. Passo a dar alguns exemplo:



- diferenças entre carmim e vermelho fuchsia/magenta e rosa choque

- que cordon bleu e voul au vent são especialidades gastronómicas

- que pepino e courgette são legumes diferentes

- a razão pela qual todas as mulheres têm, no mínimo, 10 carteiras

- o que é um necessaire

- por que razão, todas as estações, temos que actualizar o nosso guarda roupa

- diferença entre leggings e meias

- que são corsários não têm nada a ver com pirataria

- perceber com um simples olhar se uma mulher tem implantes de silicone ou se o produto é natural

enfim... a lista poderia tornar-se muito longa, mas julgo que já deu para perceber a ideia...



Trata-se de uma linguagem altamente técnica que eles não dominam e dada a complexidade destas questões parece-me uma área de conhecimento que lhes estará eternamente vedada. Depois há que ter em conta que eles ocupam aquelas cabecinhas com coisas completamente inúteis: discutir até à exastão o que é um fora de jogo, decifrar mapas (ainda não se aperceberam que se trata de documentos com valor meramente histórico? Há gps...) e inventam palavras estranhas: derby e hat-trick ... depois, claro, não há espaço para aprenderem as coisas importantes... É por isso que são tão inseguros e têm "problemas de expressão". Portanto, nada de desânimo, é uma realidade incontornável. Temos que ser diplomáticas e ter a consciência de que a democracia nas relações passa pela aceitação das diferenças.
Agora, sempre que se virem numa situação em que lhes pedirem para comprar tomates cereja e eles aparecerem em casa com umas belas cerejas de Resende, não desesperem e antes de lhe entregarem uma imagem impressa em computador (a cores) com aquilo que realmente pretendem, pensem: "eles não sabem mais!" ;)


50 ways to leave your lover

Um viva às novas tecnologias! Viva!

Há uns anos atrás, quando a coisa a dois não corria bem e todas as memórias tinham que ser destruídas, optava-se por algo em grande! Queimar fotos e cartas de amor numa gigante pira fúnebre (e os vizinhos a chamarem os bombeiros), rasgar tudo em mil pedacinhos para evitar qualquer reconstituição, deitar confetis amargurados na praia misturando ranho e lágrimas à água do mar. Lindo!

Felizmente, tudo se tornou mais asséptico actualmente. Queres apagar as fotos daquela avantesma que pouco mais tinha do que um belo tónus muscular, ou do outro que comunicava em monossílabos? Nada mais fácil querida. Abres ficheiro do teu pc, sim, aquele intitulado 'eu & ele', seleccionas a foto e ... PIM ... delete! Sem lixo (temos sempre que nos preocupar com o ambiente), sem dor (é que volta e meia os fósforos voltavam-se contra nós) e sem lágrimas (o que resulta ainda melhor se o processo mecânico for acompanhado de umas belas críticas construtivas à velocidade do seu pensamento).

Ainda assim, não prescindo de uma bela peixeirada à italiana. Eu, na varanda de casa, de negligé preto e rolos no cabelo (mas sexy como, sei lá, a sofia loren), ele de boxers cá em baixo, a roupa dele toda a voar, mais as malas, os acessórios e os jornais desportivos e a vizinhança espapaçada a gozar o espectáculo.

Há lugares-comuns que fazem parte do nosso imaginário, apesar das novas tecnologias!

19 de maio de 2008

Cruzada da fé

Já não há paciência para aturar os extra-terrestres (vulgo gajos). Depois da falência dos contos de fadas e das histórias de final feliz instaura-se o desânimo. Que seres estranhos são estes, cheios de dúvidas e inseguranças?
Remeto-me a um estado de meditação profundo sobre a matéria :)

15 de maio de 2008

Maio 68/08

Ora, acabadinha de chegar de Paris (que é O SÍTIO para se comemorar os 40 anos passados sobre o Maio de '68), vinha eu de Marie Claire na mão a pensar em todas as revoluções que aquele movimento trouxe para as mulheres: mini-saia, biquini, contracepção e liberdade sexual, cabelos esticados e shampô comercial com amaciador, liberdade de expressão, liberdade de opção nos estudos e no emprego, possibilidade de uso de conta bancária, literatura cor-de-rosa, um feminismo que nos permite agora vir exigir a depilação masculina - um sem fim de coisas boas.

Passados 40 anos (sim, porque aquilo já foi no séc. passado), ainda temos que aturar dizeres neandertais quando passamos com uma saia acima do joelho, ainda esperam das mulheres que tenham tempo, dinheiro e paciência para todas as semanas arranjarem cabelo, mãos e pés, ainda temos que confirmar com todas as letras que preferir um homem a uma mulher para o mesmo cargo profissional É descriminação sexual, ainda temos que provar que uma mulher não é só a mãe, esposa ou namorada de alguém e que quando é bem sucedida é-o não porque dormiu com alguém ou porque se travestiu de homem.

Todas estas contrariedades cansam... e muito.

Acho que hoje vou ignorar a Quadratura do Círculo e sigo já para o SPA da Bé, estou mesmo necessitada de uma massagem com pedras quentes!