19 de outubro de 2009

O poder para o povo!!

O meu post de hoje pretende chamar a atenção para um fenómeno recorrente em Portugal (desconheço se o mesmo sucede noutros países) e que já todos verificaram existir e do qual, presumo, já quase toda a gente se queixou. Falo dos cartazes das campanhas eleitorais que se mantêm várias semanas após o término do respectivo acto. Basta andar um pouco pela rua de qualquer cidade portuguesa para reparar que a grande maioria ainda não foi retirada. Há quem se queixe, que é um escândalo, poluição visual, negligência, falta de respeito pelo espaço público.

Permitam-me discordar.

Entendo que a manutenção dos cartazes com o fácies mais ou menos simpático dos nossos candidatos é a oportunidade perfeita para nós, o povo, cidadãos, eleitores, darmos largas ao nosso direito de apropriação do espaço público. Se os mamarrachos lá ficaram e aparentemente os seus proprietários se estão nas tintas, porque não havemos nós de os usufruir?

A minha proposta é a seguinte: agarrar em marcadores e tintas de cores variadas e fazer aos cartazes aquilo que distraidamente, por vezes, fazemos às fotografias dos jornais e revistas. Porque não haveremos nós de partir em imaginativos exercícios de transformismo? O que poderá haver de mais catártico que desenhar as típicas barbichas e corninhos diabólicos, bigodinhos hitlerianos, sombreros mexicanos, caveiras e quejandos desta vez em tamanho XXL nos ditos posters? Já imagino Portugal inteiro pontuado de candidatos a Juntas de Freguesia com garrafões de vinho artisticamente desenhados ao lado. Ou candidatas subitamente enfeitadas com travessões e brincos de sevilhanas…!

Ou então, se a preferência vai para os trabalhos manuais que impliquem tesouras e cola, porque não elaborar o monstro político perfeito? Recorta-se, sei lá, a testa do Rui Rio, cola-se às bochechas do António Costa, junta-se a barba branca do Mesquita Machado e adiciona-se o sorriso da Fátima Felgueiras.

Porque não, pergunto eu. Só traz benefícios: alinda-se o espaço público, dá-se asas à imaginação e à criatividade, não se resmunga pelo facto de o material ainda estar disponibilizado, podem até organizar-se concursos entre jovens socialmente excluídos ou desempregados de longa duração.

Se o Andy Warhol fez obras de arte com latas de tomate, pacotes de detergente para a roupa, fotos da Marilyn Monroe e do Presley, porque não havemos nós de entrar bravamente no mundo da Arte Pop através dos painéis gentilmente cedidos pela nossa classe política? Vamos em frente!