21 de janeiro de 2010

15 de janeiro de 2010

Reencontros












imagem por Virgílio Ferreira: http://museudaimagem.blogspot.com/

30 de dezembro de 2009

Mutismo


A época do Natal e da passagem de ano é uma daquelas em que existem barreiras invisíveis que devemos ultrapassar: a barreira invisível que determina o momento em que te deixas influenciar pelo espírito natalício e começas a ligar a toda a gente, a marcar jantares para todos os dias da semana; a barreira invisível que marca a passagem de um ano para o outro, cerimonialmente coroada com passas, chapanhe e gritos de alegria.

Mas as barreiras invisíveis por vezes são mais comuns e quotidianas do que estas. As barreiras invisíveis opõem-se à comunicação sincera entre as pessoas e são, no fundo, compostas pelo saldo do telemóvel, o horário dos transportes públicos e do trânsito, o 'é tarde, tenho que ir', o 'ausente' no MSN, a música aos berros da discoteca, o e-mail que tarda, o sinal mal interpretado.

Deixo 2009 com esta preocupação: a in-comunicação, a des-comunicação, a não-comunicação. Todas estas (mais ou menos pequenas) barreiras invisíveis, paredes de vidro, que se opõem à compreensão do Outro, à verdadeira atitude de aproximação e reciprocidade ao Outro, à curiosidade pelo Outro de forma não utilitária e verdadeiramente empática.

Todas estas reflexões pseudo-filosóficas podem sintetizar-se numa imagem: o cinema mudo. Vemo-nos mexer, andar, rir, chorar, abraçar mas o conteúdo verdadeiro de tudo isto surge na imagem rápida de 5 segundos que limita a um parágrafo tudo o que queremos dizer ou sentir ou transmitir ao Outro.

Todo este mutismo deixa-me dores de garganta.

22 de dezembro de 2009

O 'must' do Natal

Desculpem mas não resisto...

É elemento obrigatório em qualquer um dos meus Natais. Por tudo: pela nostalgia, pela paisagem, pelos penteados, pela roupa, pela história... ah, sim e pela música...!

"Last Christmas, I gave you my heart... lalalala..."

17 de dezembro de 2009

Diário do Absurdo

Nas brincadeiras com as amigas (e com alguns amigos mais tolerantes), ao discutir as relações pessoais e mais especificamente as relações amorosas, costumo ter a mesma resposta para a pergunta ‘mas afinal, porque é que precisamos dos homens??’.

Para mim, a verdadeira utilidade do homem (entenda-se, indivíduos do género masculino) limita-se a dois aspectos essenciais: carregar móveis e abrir frascos de conserva. Sempre pensei que, aparte estes pormenores (e valha-nos o desenvolvimento da indústria dos sex-toys), os homens não têm uma verdadeira utilidade. Podemos gostar deles, amá-los até, mas não se ama algo ou alguém por ser útil.

Portanto, face à questão ‘porque é que precisamos…’, só essas duas tarefas me ocorrem como podendo ser melhor desempenhadas por homens do que por mulheres. É difícil carregar um sofá ou mudar um armário de sítio. E os frascos, não raro, viram-se contra nós, com as suas tampas (hermeticamente seladas) resvalando nas mãos femininas lubrificadas por uma vasta gama de cremes hidratantes anti-envelhecimento e anti-manchas.

Ora, um destes dias, em casa, tive uma dessas (felizmente muito raras) mini-crises de mulher independente que às vezes se cansa de tanta independência e capacidade de desenrasque.

Dessas em que se contabiliza o tempo passado, em que se faz o balanço entre o que se quis e o que se alcançou, das boas e más surpresas amorosas que se teve ao longo dos anos, da inevitável questão que acaba por se formular mais ou menos desta forma: ‘mas afinal, quando é que aparece o gajo certo’ (sim, porque já nem sequer se imaginam príncipes em corcéis, ou coisa semelhante…). Tudo isto em pleno processo de preparação do jantar (para uma), entre tachos e facas, cebolas e alfaces, no espaço limitado e deprimente da cozinha (mostrem-me uma cozinha que não seja deprimente, uma só, desafio-vos!). E vai de estrear a garrafa do azeite.. que por sinal não abria... Apesar de não ser frasco de conserva.

Pensamento imediato (por cima dos pensamentos fruto da já mencionada mini-crise): ‘onde está um homem para me abrir isto?’.

Quanto reflecti na situação não pude deixar de pensar que alguém lá por cima (um daqueles seres que tem autorização para mexer nos fios do acaso e do absurdo) deve ser ou muito pérfido ou, ao contrário, ter muito sentido de humor.

Entre as várias opções possíveis (que incluíam: 1) procurar um vizinho, 2) deslizar para o chão em pranto, agarrada à teimosa garrafa de azeite; 3) desistir do jantar e mandar tudo à fava) não resisti: lancei uma gargalhada monumental, mirei ao alto com uma secreta piscadela de olhos e agarrei com toda a convicção a maior faca de cozinha que encontrei. Cortado o raio do selo do gargalo – vitória! – já nada se interpunha entre mim e uma garrafa de azeite aberta!!

19 de outubro de 2009

O poder para o povo!!

O meu post de hoje pretende chamar a atenção para um fenómeno recorrente em Portugal (desconheço se o mesmo sucede noutros países) e que já todos verificaram existir e do qual, presumo, já quase toda a gente se queixou. Falo dos cartazes das campanhas eleitorais que se mantêm várias semanas após o término do respectivo acto. Basta andar um pouco pela rua de qualquer cidade portuguesa para reparar que a grande maioria ainda não foi retirada. Há quem se queixe, que é um escândalo, poluição visual, negligência, falta de respeito pelo espaço público.

Permitam-me discordar.

Entendo que a manutenção dos cartazes com o fácies mais ou menos simpático dos nossos candidatos é a oportunidade perfeita para nós, o povo, cidadãos, eleitores, darmos largas ao nosso direito de apropriação do espaço público. Se os mamarrachos lá ficaram e aparentemente os seus proprietários se estão nas tintas, porque não havemos nós de os usufruir?

A minha proposta é a seguinte: agarrar em marcadores e tintas de cores variadas e fazer aos cartazes aquilo que distraidamente, por vezes, fazemos às fotografias dos jornais e revistas. Porque não haveremos nós de partir em imaginativos exercícios de transformismo? O que poderá haver de mais catártico que desenhar as típicas barbichas e corninhos diabólicos, bigodinhos hitlerianos, sombreros mexicanos, caveiras e quejandos desta vez em tamanho XXL nos ditos posters? Já imagino Portugal inteiro pontuado de candidatos a Juntas de Freguesia com garrafões de vinho artisticamente desenhados ao lado. Ou candidatas subitamente enfeitadas com travessões e brincos de sevilhanas…!

Ou então, se a preferência vai para os trabalhos manuais que impliquem tesouras e cola, porque não elaborar o monstro político perfeito? Recorta-se, sei lá, a testa do Rui Rio, cola-se às bochechas do António Costa, junta-se a barba branca do Mesquita Machado e adiciona-se o sorriso da Fátima Felgueiras.

Porque não, pergunto eu. Só traz benefícios: alinda-se o espaço público, dá-se asas à imaginação e à criatividade, não se resmunga pelo facto de o material ainda estar disponibilizado, podem até organizar-se concursos entre jovens socialmente excluídos ou desempregados de longa duração.

Se o Andy Warhol fez obras de arte com latas de tomate, pacotes de detergente para a roupa, fotos da Marilyn Monroe e do Presley, porque não havemos nós de entrar bravamente no mundo da Arte Pop através dos painéis gentilmente cedidos pela nossa classe política? Vamos em frente!

31 de julho de 2009

Ausências

É fácil perceber a razão do título...
ausência do blog desde há uns meses largos
ausência para férias neste Verão que teima em não querer aparecer
ausência de pessoas que sentimos tão perto
... tudo isso
mas neste dia malfadado, para mim em particular, ausência do fabuloso concerto que os Franz Ferdinand estão a dar neste momento em Paredes de Coura e que só estou a seguir via rádio...
Aqui fica então ainda a propósito de ausências e dos momentos em que que as começamos a sentir

I swapped my innocence for pride
Crushed the end within my stride
Said 'I'm strong now I know that I'm a leaver"
I love the sound of you walking away
Mascara bleeds a blackened tear
And I am cold
Yes I'm cold
But not as cold as you are
I love the sound of you walking away
Why don't you walk away?
No buildings will fall down
Why don't you walk away?
No quake will split the ground
Why don't you walk away?
The sun won't swallow the sky
Why don't you walk away?
Statues will not cry
I cannot turn to see those eyes
As apologies may rise
I must be strong and stay an unbeliever
And love the sound of you walking away
Mascara bleeds into my eye
I'm not cold
I am old
At least as old as you are
As you walk away
And as you walk away
My headstone crumbles down
As you walk away
The Hollywood wind's a howl
As you walk away
The Kremlin's falling
As you walk away
Radio 4 is static
As you walk away
The stab of stiletto
On a silent night
Stalin smiles
Hitler laughs
Churchill claps
Mao Tse-Tung
On the back