11 de junho de 2008

(in)consistências

Tema: pornografia
Cenário: o universo masculino heterossexual
Problemática: onde ficam os limites?

Todos os homens gostam de pornografia. É a mais pura verdade.
É adulto e hetero? Então gosta de ver filmes com enredos foleiros, cenários decadentes, mamas grandes e cenas filmadas através de câmaras que utilizam as lentes dos mais poderosos telescópios.

Os filmes pornos têm diálogos (juro que pensei muito, antes de designar como tal!) que não ultrapassam as duas frases por fala de personagem. Desenrolam-se em lugares alugados ao preço da chuva com cenários terríficamente sem gosto.

Nos filmes pornos vêem-se peitos, pernas, costas desnudadas mas também genitais (masculinos e femininos) filmados ao pormenor. Existem fluídos que jorram e correm a cada 5 minutos. A banda sonora normalmente usa um saxofone e os efeitos sonoros são compostos por aaaahhhs, uis, sins e o demais que me coíbo de aqui colocar (o clássico 'ai cariño' é quase angelical quando comparado com o restante).

Os filmes pornos têm beijos com e sem língua, sapatadas, apalpões, agarranços, lambidelas, esfregadelas, etc., etc.

Os filmes pornos têm taras: miudas específicas, locais concretos, performances características, adereços seleccionados, temas para cada tipo de aficcionado.

A pornografia (em filme, fotos, ao vivo, o que for) tem tudo isto e muito mais. E qualquer homem saudável, hetero e desinibido dirá frontalmente que vê ou já viu, eventualmente admitindo que realmente gosta.

Mas coloquem o mesmo sujeito saudável, hetero e desinibido perante um mero e simples beijo entre dois homens e... espanto... esse mesmo sujeito adquire a expressão facial da mais cândida e virgem vestal e logo juntará um 'ai meu deus, como é que é possível...'

Pois é: os limites da sensibilidade masculina straight afinal parecem existir.

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